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segunda-feira, 5 de outubro de 2015

E os trintões dizem: "jura?"

E quem diria que dar satisfação sobre tudo ou fazer as listas de exercícios de física seriam os menores dos seus problemas? De repente você tem que se preocupar em não sujar seu nome, até porque cartão de crédito não significa dinheiro eterno - e as últimas faturas e todas as transações "não aprovadas" deixaram isso bem claro. Sabe o que é eterno? Contas! E agora você entende porque os pais diziam "não", pois aparentemente não se pode mesmo levar tudo da loja; o bom é que não precisa mais de ninguém pra te dizer pra escolher só um e é muito louco, porque do nada você sabe disso por conta própria!

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Conspiração

— Não!
— Mas mãe...
— Nada de “mas”. Quando eu digo não é não!


Se fosse um dia normal, eu teria ido direto pro meu quarto e quase quebrado a porta com uma pancada. Mas nesse dia eu resolvi não fazer essa cena. Sabe que nem sei qual foi o motivo? Só não bati a porta. E ainda voltei pra sala, onde toda a discussão do por-que-não-posso-ir-pra-festa-mãe? aconteceu e foi quando eu vi. Aaah, aquele sorriso de cumplicidade que meu pai lhe ofereceu... Não, isso tava errado. “Será que meus pais são sádicos, meu Deus?”. Antes fossem. 

sábado, 18 de julho de 2015

Caros antepassados,

Caros antepassados, 


Nem adianta fazerem os cálculos, pois o tempo não se conta mais daquele jeito. “Ano” é uma palavra que saiu de moda. Assim como acreditar; definitivamente isso é algo ultrapassado. 

— Fala-se em vida extraterrestre há séculos. Se há vida inteligente no além via láctea, por que eles não entraram em contato?
— Por que trovões você ainda está falando nisso? Supera!

O correto é descrer. Quem garante que existe uma zona abissal no oceano? Já esteve lá? E que a Terra é o planeta azul. Já esteve no espaço? Tá bom, homens foram viver em Marte em 2025, aham... Assim como experiência quase morte é real. Por favor! Só me falta falar que você acredita em alma. 

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Como se chama?

Eu tava chateado.
Acontece.
Qual é o nome que se dá quando você se esforça e num sai do lugar? Medíocre.
Qual é o nome que se dá quando você sente raiva de quem sempre consegue o que quer? Inveja.
Qual é o nome que se dá quando você sente que não deveria sentir isso? Vergonha.
Qual é o nome que se dá quando você percebe que perdeu o seu tempo? Frustração.
Eu só tava chateado.
Acontece. Mesmo.
Qual é o nome que se dá quando você nota que sempre será pequeno? E será anônimo? Que nunca foi tão bom quanto pensava? Que toda sua bondade é uma fachada? Que seu interior está tão apodrecido que nem mesmo você próprio se atreve a encará-lo? Como se chama? Como? Eu mesmo.

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Despedir-se

Sabíamos que esse dia chegaria. Ficávamos jogando esse fatídico dia pra depois, depois e depois, que mal realizamos que o depois uma hora seria agora. Agora. E então me despeço. Eu disse com todas as palavras: eu estou desistindo. Desistir não é tão fácil pra mim, não quando se trata de você. Mas uma hora o insustentável foi percebido como insustentável e todas as palavras, que me entalavam a garganta e eu queria tanto dizer, foram engolidas, já não formam mais aquele bolo que me sufocava e engasgava. O que eu pude fazer, eu fiz. O que pude demonstrar, demonstrei. E eis que digo “tchau”, que pode ser um até logo, mas que se depender de mim será um adeus. Ficar em pé por tanto tempo, esperando a sua vez, cansa; a circulação não funciona como deveria, a fadiga só te faz querer trocar de posição. É isso, estou fadigada. Ainda tenho coisas para lhe dizer, mas quer saber? Deixa pra lá. Não há nada que eu diga que mude as coisas. Eu estava disposta a lhe ouvir e tudo o que recebi em troca foi o teu silêncio. Pois bem, a reação mais coerente para tal tratamento é a minha ausência, então tchau, até logo, adeus.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Dia dos Namorados

Já não me basta o aniversário de cada pessoa importante, ainda tenho de me preocupar com uma data arbitrária que só serve pra me arrancar mais dinheiro? Não, não tenho. Ainda faço parte do universo dos [palavrão]. Estranho, muito estranho. Era mais fácil quando as amigas também eram [palavrão] e chorávamos todas juntas pela nossa [palavrão], mas de repente você se vê num mundo onde uma boa parcela das pessoas faz de hoje um grande dia e você fica incomodado porque parou de dar importância. Não, eu to mentindo, tem importância sim. Reduzida, digo, pois não estou me dando ao trabalho de escrever isso?

sábado, 6 de junho de 2015

E se

E se eu só não consegui?
E se eu jurar que eu tentei?
E se eu te disser que não deu certo?
E se eu confessar que nem tentei tanto assim?
E se eu explicar que quando não se tenta muito, justifica-se o fracasso?
E se eu tiver medo de fracassar mesmo quando tentar com força?
E se eu fracassar?
E se eu desmoronar?
E se ninguém me segurar?


domingo, 31 de maio de 2015

Gaia

Gaia é uma farsa.

Ela tentou tirar a própria máscara algumas vezes. "Não sou tão boa quanto pareço", disse. Ninguém acreditou. Isso poderia ser um alívio, mas palavras como "não seja tão dura consigo mesma" apenas a perturbava ainda mais.

domingo, 10 de maio de 2015

Livros Que Odiei #1: Crepúsculo



Para começar a minha série Livros Que Odiei, onde desabafarei sobre os acessos de raiva que senti enquanto fazia leituras, que longe de serem tendenciosas, foram feitas nas melhores das intenções e no fim das contas recebi a ingratidão de um enredo que só me fez querer o meu sofrido dinheirinho de volta, em uma tentativa de ser esperta e sensacionalista, detalharei minhas impressões sobre Crepúsculo.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Perdendo as palavras

— Qual é o seu problema?

— Desculpa, mas o senhor poderia me explicar o que é “problema”? É que eu vim aqui porque, de repente, a cada dia, eu perco uma palavra do meu vocabulário.

— Bom, podemos dizer que esse é o seu problema. Desde quando isso vem acontecendo?

sábado, 11 de abril de 2015

O que foi?

Olhe nos meus olhos e pergunte. Faça aquele questionamento que eu imaginei. Tá tudo aqui na minha cabeça, eu já ensaiei a resposta no chuveiro e infelizmente a água que me caía disfarçou as lágrimas que extravasaram, mas tudo bem, era só um ensaio. Acho que tenho tudo para fazê-las aparecerem mais uma vez se você me fizer a pergunta que eu tanto estou esperando. Vai, é simples: apenas abra a boca e pergunte. Eu juro que não bancarei a enigmática. E nem a forte. Serei franca. Direi palavra por palavra, todas aquelas que estão entaladas em minha garganta e eu tanto quero que você as ouça.

domingo, 5 de abril de 2015

Amor Próprio

Abro os olhos quando o despertador toca. Levanto-me sem nenhuma cerimônia. Cumpro horários e as minhas obrigações. Não esquento cabeça. Não me chateio por razões românticas. Eu sou a pessoa mais importante da minha vida.

domingo, 22 de março de 2015

Já encontrou uma?

— Você é muito agradável, sabia?
— Ah, obrigada.
— É difícil encontrar pessoas assim hoje em dia.
— Você acha?

quarta-feira, 11 de março de 2015

Banco Mais Alto

Um sorriso lhe escapou. Ela abaixou a cabeça e tentou escondê-lo.

“Devo mesmo ser uma estúpida por ficar sorrindo sozinha”.

E por que considerar uma estupidez? Quantas pessoas já não sorriram sozinhas? Ela não sabia a resposta, mas sabia que não estava sozinha nessa.

quarta-feira, 4 de março de 2015

Senhor P.

— Me chamou?
— Pior que não.
— Então por que to aqui?
— Eu é que te pergunto.
— O que é que tá pegando agora?
— Preciso mesmo dizer? O de sempre, pra variar.
— Faz-me rir. Você fala que é o de sempre, mas não para de cair nessa como um patinho e reage como se fosse a primeira vez.
— Por isso mesmo. "O de sempre".
— E você não se cansa de me chamar?
— Eu já disse que não te chamei.
— Então por que eu to aqui?

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Inverno

Pode parecer rabiscos de criança, mas é apenas o gráfico que ilustra o humor de Raquel.

Ela acordou neutra, tomou banho bem humorada, quis ficar triste durante o café da manhã, pegou sua carona sentindo-se concentrada, chegou ao trabalho extremamente cansada e decidiu que estava se sentindo estranha. Ela não costumava ser assim e só para piorar a situação, não era sua culpa essa falta de estabilidade. Raquel estava lá, vivendo normalmente, quando, de repente, surgia alguém prontíssimo para tirá-la da rota.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Paranoia

— E aí ele disse “hã?”.

Rindo mais que o necessário da história não tão interessante de Leonardo, Gabriela abaixou a cabeça para expressar um “que diabo foi isso?” para si e erguê-la assim que tivesse superado a sua falta de controle, que sempre a fez reagir de forma exagerada na frente do rapaz que ela gosta há tanto tempo.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Purgatório

Aqui é escuro. E eu que pensei que a morte era relacionada ao branco... Aliás, isso é racismo? Porque se for, retiro imediatamente o que eu disse, pois se tem um momento que eu temo o inferno, esse momento é agora.
E como esse lugar é apertado. E abafado. Em uma situação normal eu estaria com falta de ar. Tá certo que essa não é uma situação normal, o que não faz muito sentido, considerando que a morte não é novidade pra nenhum ser vivente. De toda forma, até onde eu sei, essa é a primeira vez que morro.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Meu querido amigo,

Como você está? Bem? Quão bem? Não economize na resposta, não se acanhe, gaste meu tempo. Me acorde, mantenha-me desperta.

Hoje vai

"Hoje vai".

Por toda minha vida fui um medroso. Mas isso não fez de mim uma pessoa estagnada, imutável. Meus medos sofriam mudanças na medida em que minhas necessidades e ambições também se modificavam.

Houve um período que tive medo de não ser uma pessoa notável. De ser só mais um. Um inútil. Em um dado momento parecia que esse medo iria se concretizar. Eu não era excelente em nada. Bonzinho, mediano. Excelente não. O meu medo, de toda forma, não era maior que a minha vontade de dormir com a consciência tranquila e o tempo me conformava. Eu havia me convencido de que eu ainda poderia me tornar excelente em algo.

Na medida em que fui crescendo, percebi que eu não precisava ser excelente - ou só me conformei que nunca o seria - e notei que, ainda assim, eu era capaz de me destacar. Eu não era "mais um", eu era "um". Singular e insubstituível. Poderia até não ser de grande importância, mas naquilo que me reconheciam apenas me reconheciam por eu ser eu.